Entrevistada do mês: Tamy, uma cantora Brasileira no Uruguai

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Entrevistada do mês: Tamy, uma cantora Brasileira no Uruguai

Nossa entrevistada do mês é a Tamy, cantora de Vitória-ES, que está morando no Uruguai desde 2012. Ela conta pra gente um pouco mais sobre o cenário musical no Uruguai. Confira!

A Tamy é uma cantora brasileira que mora no Uruguai, mais precisamente em Montevideo, no Puertito del Buceo. Ela faz projetos musicais muito bacanas e tem feito muita coisa relacionada à música no Uruguai, como, por exemplo, o projeto TAMY Invitaque traz músicos uruguaios e brasileiros para cantar com ela. ?
Dessa troca nasceu o quarto disco dela, o Parador Neptunia, com músicas cantadas tanto em espanhol quanto em português. O disco traz muitas influências da música uruguaia, como o Candombe, e conta com a participação de grandes músicos uruguaios como Ruben RadaHugo FattorusoSebastian Jantos e Ernesto Díaz.
A Tamy vive antenada no cenário musical do Uruguai e sabe o que está rolando de tendência por lá. Na nossa entrevista, vamos conhecer um pouco mais sobre sua vida, os lugares que ela frequenta e as coisas que a inspiram para compor suas músicas no Uruguai.

Entrevistada do mês: Tamy, uma cantora Brasileira no Uruguai
Tamy, Ruben Rada, Julieta Rada

1 – A primeira pergunta que todos fazemos para alguém que está morando no Uruguai: por que você foi morar no Uruguai?
Viemos para o Uruguai porque meu marido, que é advogado e também músico, teve uma proposta bacana de trabalho por aqui. Pensamos muito, confesso, e, por que não? Estamos aqui há 5 anos e foi uma surpresa maravilhosa. Montevideo se mostrou uma cidade incrível para se viver: a qualidade vida aqui é excelente, a cidade é limpa e segura. É um lugar ótimo para se criar os filhos, com um bom acesso à educação, por exemplo.

2 – Quando você começou a desenvolver este novo álbum e como foi o processo de criação?
Começamos a pensar e produzir o Parador Neptunia há 2 anos, junto ao meu projeto TAMY Invita, que faço desde 2014. Nesse projeto, eu juntei vários artistas do Uruguay com artistas brasileiros, como Silva com Samantha Navajo, Hugo Fattoruso com Luiz Brasil e Marcia Castro com Ruben Braga, para cantar comigo por aqui, em palcos de Montevideo.
A partir desses encontros passei a conhecer mais a música e cultura local e, desse modo, comecei a me dividir artisticamente entre os dois países. O candombe, um ritmo afro-uruguaio e que está muito presente nesse meu novo trabalho, por exemplo, me flechou e junto a isso conheci também Neptunia (um balneário quase secreto no Uruguai e que reúne artistas, músicos para cantar, dançar e fazer performances) e o maestro Ney Peraza e seu coro Oigo Voces.

Entrevistada do mês: Tamy, uma cantora Brasileira no Uruguai
Balneário Neptunia – Canelones

Esse encontro foi mágico e essencial para desenvolver o disco! Tanto que Ney fez arranjos de vozes para o disco e está no videoclipe que lancei e que foi gravado em Neptunia.

3 – O que inspira suas músicas? 
O dia a dia em Montevideo já é por si só inspirador: quem visita ou mora aqui tem a oportunidade de viver essa experiência. Caminhar pelas ruas da cidades, passear pelos bares, apreciar a paisagem. É mesmo uma cidade mágica, com muito a oferecer em todo canto!
Mas, ao falar de inspiração não posso deixar de citar Cabo Polônio, o paraíso escondido do Uruguai. Cabo Polônio é um dos lugares que mais me inspiram – e acho que a todos que passam por lá! É um balneário de beleza em estado bruto, rústico. Um lugar para se desconectar de tudo – da agitação da cidade, dos estresses, das tarefas – e se conectar com a natureza, de maneira profunda. O lugar faz parte de um parque ambiental e é protegido. Então esse contato é ainda mais intenso e a atenção que damos à natureza e ao momento é único. Definitivamente Cabo Polônio tem uma energia incrível e é um lugar onde os amantes da natureza e das “good vibes” devem carimbar o passaporte.
E claro, além da paisagem uruguaia, o nascimento de minha filha e o amor também são inspirações!

Entrevistada do mês: Tamy, uma cantora Brasileira no Uruguai
Cabo Polônio – Uruguai

4 – O que você mais gosta em Montevidéu?
O verão! Brincadeira! Gosto das pessoas e do estilo de vida tranquilo que é possível ter aqui. Uma coisa que me chamou atenção quando cheguei foi a educação das pessoas. Em um primeiro contato, acredito que, para nós brasileiros, acostumados com uma recepção calorosa e informal, isso pode ser um choque, mas ainda assim, de sua maneira, o povo uruguaio é encantador.
Sempre preocupados com os estudos, se informando, querendo alcançar, através dessas ferramentas, da escola e da universidade, posições melhores, é algo que, para mim, torna o Uruguai que é hoje, um país muito civilizado e é essa uma das coisas que mais gosto aqui.
Ah, da música também! Amo a música e a poesia Uruguaia. Os músicos Ruben Rada (representante master do Candombe) e Hugo Fattoruso (um dos mais importantes pianistas modernos) são, para mim – e para grande parte da população uruguaia -, dois gênios. Entre os mais jovens me encanta o trabalho de Sebastian Jantos e Ernesto Diaz. É uma honra ter todos estes artistas “del paisito”, como chamamos carinhosamente o Uruguay, no meu mais recente trabalho.

5 – Tem alguma coisa que você sente falta do Brasil?
Das frutas e da família. Mas como vou bastante não é tão grave! Hahaha!

6 – Qual o seu restaurante preferido em Montevideo?
Para almoçar, gosto muito do Parrilla El Palenque e Garcia. Sempre peço o Bife Ancho con Hueso. É a especialidade e eu recomendo muito para quem quer comer como um bom uruguaio.
Outro restaurante que eu gosto muito é Jacinto e Lucca. A chefe é uma das mais conceituadas do país e cada dia eles apresentam um prato diferente – não deixem de comer os pães de lá, são divinos!
Os uruguaios gostam muito de uísque e cerveja, mas eu confesso que minha paixão são os vinhos. Aqui se encontra vinhos de altíssima qualidade por um custo/benefício muito bom. Muitos vinhos uruguaios levam a uva Tannat, uma uva riquíssima em tanino e que faz muito bem à saúde e no combate no envelhecimento. Brincamos sempre que o motivo das pessoas no Uruguai viverem tanto é por conta do vinho! Deve ser esse o segredo!
Uma curiosidade sobre Montevideo é o horário de almoço: depois das 15h tudo fecha! Para nós, que estamos acostumados em almoçar tarde depois de pegar uma prainha, é meio estranho. Então tem que se programar direitinho se quer almoçar por aqui, porque depois das 15h é só no jantar mesmo!

Entrevistada do mês: Tamy, uma cantora Brasileira no Uruguai
Bife ancho do restaurante El Palenque

7 – Quais os seus músicos uruguaios preferidos? E os brasileiros?
Nossa são muitos! Vamos falar da “Santíssima Trindade Uruguaya” então: Eduardo Mateo, Hugo Fattoruso e Ruben Rada já são muito importantes para mim. Fiz uma playlist recentemente no Spotify com algumas das músicas que acredito serem essenciais para entender e conhecer melhor a cultura do Uruguai, chama-se Uruguai Mood e traz clássicos e novidades da cena uruguaia. No Brasil é difícil falar só de alguns, mas vou citar os papas da música brasileira, Dorival Caymmi, Tom Jobim e João Gilberto.

8 – Como é a cena cultural no Uruguai? Quais lugares você indica para ouvir uma música no Uruguai?
Agitadíssima! O folclore é muito presente na cultura e entre os ritmos destaco a Murga e o Candombe. Mas aqui se encontra de tudo, desde rock pesado ao funk.
O Uruguai é muito musical e Montevideo em especial abraça bem essa característica: em todo canto você encontra um lugar legal para sentar e curtir um bom som. Na Praça Matriz, em Montevideo, por exemplo, sempre vamos encontrar alguém tocando na rua. É uma delícia passear por ali, tomar um sorvete e curtir uma música boa.
A cidade também é cheia de barzinhos e brincamos que aqui tem mais músicos que não-músicos! Todos os bairros têm um ambiente legal com Jam Sessions.
Recomendo alguns bares legais da cena alternativa na cidade: El Tartamudo, que é um barzinho de “cava”, super tradicional e toda quarta-feira rola um jam session de Candombe; o Paullier y Guaná, que é um bar super gostoso e que traz também esses eventos; o Kalima, com sessões de Jazz toda sexta-feira; El Tinkal que também rola música. O Auditorio Sodré sempre traz convidados importantes, já a Sala Cita Rosa é uma parada obrigatória para quem curte a cena alternativa. Aos domingos, na Isla de Flores, perto do carnaval, tem sempre ensaios com tambores e é lindíssimo!
Quem quiser ouvir as músicas do último CD da Tamy, estão disponíveis no Youtube.

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